UC Berkeley Press Release

Depressão e Tristeza

Quando uma pessoa manifesta a sensação de vazio e angústia profunda, nem sempre é apenas tristeza . Podem ser sintomas de depressão. Essa psicopatologia tornou-se um dos principais problemas mundiais de saúde pública, pois atinge de 5% a 10% da população do planeta. Mas a boa notícia é que há tratamento para esse distúrbio emocional.

É natural que as pessoas às vezes sintam-se tristes, desanimadas, pessimistas ou de mau humor. São reações inevitáveis diante de tantas situações de perda e frustrações vividas ao longo da existência. Porém quando esses sintomas persistem por semanas, meses ou anos, e a pessoa perde a capacidade de sentir prazer, tudo indica que não se trata de um simples estado de tristeza, e sim de depressão. Do ponto de vista psicanalítico, a depressão corresponde a um sentimento de perda intenso, de fundo real ou imaginário. Mesmo quando a perda é real, a pessoa deprimida tem uma sensação de perda muito

mais profunda.

O comportamento do depressivo caracteriza-se por humor irritável, sentimento de desesperança ou desamparo, e pensamentos ruins, com tendência, em alguns casos, até mesmo ao suicídio.

“A terapia é importante para que a pessoa possa reeducar-se e aprender a lidar com suas dificuldades pessoais. A recuperação é lenta e o apoio familiar é fundamental”

Pode ocorrer queda do desempenho mental, dificuldade de atenção ou de concentração, lentidão motora, insônia ou sonolência excessiva, aumento ou redução do apetite, e anedonia, que é a incapacidade de sentir prazer em atividades normalmente prazerosas. Alguns depressivos sentem dores no corpo, principalmente na cabeça e nos ombros, além de distúrbios gástricos e intestinais.


A doença pode se apresentar com diferentes graus de intensidade, indo de leve a grave. Com intensidade leve, a pessoa costuma sentir sintomas passageiros, que aparecem e desaparecem ao longo do tempo. Por isso mesmo raramente procura tratamento. Nos casos mais graves, o doente se isola totalmente em sua melancolia, mal saindo da cama e tornando-se incapaz de trabalhar e manter relacionamentos normais.

No cérebro da pessoa deprimida surgem alterações de ordem biológica. Ocorre uma disfunção na fabricação de serotonina, noradrenalina e dopamina, que são os neuro-transmissores responsáveis pela sensação de prazer. Ainda não se sabe por que isso acontece. Alguns indivíduos, mesmo carregando a propensão para a doença em seus genes, não chegam a desenvolvê-la. Provavelmente isso se deve à estrutura da personalidade formada desde a infância e ao seu histórico de vida.

Por outro lado, os sintomas podem surgir em virtude de outras enfermidades, como tumores cerebrais, aids, hipotireoidismo, ou mesmo psicoses. Em mulheres, há casos em que a depressão se manifesta após o parto e na menopausa. A doença atinge também uma faixa da população que poderia estar livre de preocupações e aproveitando a vida: a terceira idade.

O tratamento da depressão envolve basicamente a combinação de psicoterapia e remédios, que corrigem a deficiência de serotonina. A terapia é importante para que a pessoa possa reeducar-se e aprender a lidar com suas dificuldades pessoais. A recuperação é lenta e o apoio familiar é fundamental. É necessário entender que as pessoas não saem de uma depressão de uma hora para outra, mas elas podem se sentir um pouco melhor a cada dia, quando recebem o tratamento adequado.

Data de publicação: 10/03/2008

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